Projeto fortalece o combate ao racismo em salas de aulas
A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) desenvolve em 2024 um projeto que objetiva capacitar 100 professores da educação básica do Rio Grande do Sul a tratarem de questões étnico-raciais em sala de aula. Mais do que cumprir uma lei federal que determina a inclusão de conteúdos relativos à história e à cultura africana e afro-brasileira nos ensinos fundamental e médio, a capacitação buscou fortalecer o combate ao racismo e criar um ambiente escolar que valorize e promova a diversidade sociocultural.
Executado pela Unipampa com recursos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação, a iniciativa conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). “A importância da gestão dos recursos pela Fapeu é a agilidade na execução orçamentária, que teria muitos limites burocrático e legais se fosse realizada pela própria universidade”, ressaltou o professor Paulo Roberto Cardoso da Silveira, coordenador do projeto.
Ainda como edição piloto, o projeto foi estruturado em três polos, contemplando as regiões da Fronteira Oeste, com base em Uruguaiana; a Campanha gaúcha, baseado em Bagé, onde fica a Reitoria da Unipampa; e a Grande Porto Alegre. Nestes polos foram agregados docentes de 20 municípios. O requisito era ser professor da educação básica nas redes públicas municipal ou estadual, independentemente das áreas de formação ou atuação.
“A proposta do curso é formar multiplicadores nas escolas das redes públicas municipal e estadual nas quais os cursistas em formação atuem como docentes. Assim, ao capacitar 100 docentes, constituímos uma rede de formação que deve abranger muitas escolas e professores”, explica Paulo Roberto Silveira. “A avaliação foi feita com base em práticas pedagógicas propostas e executadas pelos cursistas. Dessa forma é possível mensurar a influência dos elementos abordados pelo projeto na estruturação de ações pedagógicas na educação para as relações étnico-raciais”, acrescenta.
O projeto foi oficialmente lançado em dezembro de 2023 no campus de Uruguaiana. Em janeiro de 2024 foram abertas as inscrições e selecionados os participantes e, em fevereiro, começaram os módulos de formação. Com 180 horas/aulas, a capacitação foi dividida em seis módulos, com um encontro presencial e, de forma complementar, com atividades virtuais pelo Google Classroom.
TEMAS
Os temas tratados nos módulos foram “As leis 10.639/03 e 11.645/03: desafios do combate ao racismo”, “A história africana e afro-brasileira: uma abordagem interdisciplinar”, “A cultura e vivências sobre os povos originários” e “Os espaços de reexistência do povo negro, organização e preservação cultural”. O sexto e último módulo é dedicado a oficinas que buscaram preparar os cursistas a desenvolverem práticas pedagógicas inovadoras.
A equipe de formação é composta por professores e professoras da Unipampa de diferentes áreas de conhecimento, todos com formação de doutorado. Entre os nove docentes havia doutores em História, Geografia, Educação, Antropologia, Comunicação, Filosofia da Ciência e Ciências Humanas, sendo todos atuantes nos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Unipampa em seus 10 campus. Como tutores, complementaram a equipe dois doutores e três especialistas em História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, um formado em história trabalhando como letrista e músico de composições inseridas na cultura de matriz africana; uma mestranda em educação e uma mestra em dança com ênfase em artes afro-brasileiras. Uma servidora da Unipampa completou a equipe como supervisora administrativa do projeto.
PROJETO: PROGRAMA INTERDISCIPLINAR DE FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS JUNTO AOS DOCENTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA / COORDENADOR: Paulo Roberto Cardoso da Silveira / paulosilveira@unipampa.edu.br / UNIPAMPA / Campus de Itaqui / 100 participantes / Site oficial: https://sites.unipampa.edu.br/pampa-erer